Depois de muita reflexão, vibrei com a possibilidade de criar, produzir, filmar e editar um curta-metragem com os conhecimentos e a supervisão da jovem professora Iasha, do Cemac, também apaixonada por artes e uma estudiosa do universo cinematográfico.
De imediato, acreditei que transformar contos em roteiros de cinema era o melhor caminho a seguir. O mais fácil. Queria que ele fosse curto, com poucos personagens, e intrigante, para usar as técnicas aprendida. Só que ainda precisava superar o entrave mais importante: encontrar as pessoas certas para se unirem a mim com o mesmo objetivo.
Entre meus conhecidos do Cemac, a falta de tempo, de conhecimento, de verdadeiro amor à arte e até mesmo de uma amizade mais profunda entre nós se mostravam como gigantesca dificuldade. Até onde se comprometeriam com o projeto? Além da Iasha, José Carlos Rothen e Diogo, também apaixonados pela sétima arte e suas possibilidades, e com mais equipamentos e experiência, abraçaram a idéia. Nos entrosamos perfeitamente.
Curioso como a falta de um grupo, uma equipe, sempre me acompanhou em trabalhos profissionais. O exemplo mais próximo aconteceu na época em que produzia o São Carlos Moda Show, desfiles de moda com as principais lojas da cidade. Amava esse trabalho. Eram shows belíssimos, com a participação incrível da Banda Doce Veneno, sempre com idéias novas abordando o social, e com uma média de 700 pessoas em cada uma das três edições realizadas. Um sucesso! No entanto, por falta de uma equipe comprometida e apaixonada pelo mundo da moda, o projeto terminou, assim como a revista de entretenimento que o acompoanhava.
Resumindo, comecei a analisar vários contos e a mostrar a eles. Há pouco tempo, ao ler o conto "Continuidade dos Parques", de Julio Cortázar, me apaixonei. De difícil compreensão numa primeira leitura, é um texto intrigante, envolvente, onde a fronteira entre ficção e realidade se dissolve, criando um universo surreal.
Mostrei o texto para o Zé Carlos, o Diogo e a Iasha e não houve dúvidas: já estamos elaborando o roteiro e em breve iremos filmar a historia. Sem pressa e sem desistências.
A literatura é maravilhosa! Ela nos presenteia com maravilhas inimagináveis e nós estamos extremamente animados para traduzir "Continuidade dos Parques" em imagens e sons.
Lia Estevão - Jornalista
Produtora de Fotolivros
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