terça-feira, 20 de outubro de 2020

Benditos sejam... Os amigos


Amigos, gostei muito deste texto que recebi de uma amiga. Vou compartilhar com vocês e espero que gostem.  

Benditos sejam...

Benditos sejam os que chegam em nossa vida em silêncio, com passos leves para não acordar nossas dores, não despertar nossos fantasmas, não ressucitar nossos medos. 

Benditos sejam os que se dirigem a nós com leveza, com gentileza, falando o idioma da paz pra nãp assustar nossa alma.

Benditos sejam os que tocam nosso coração com carinho, nos olham com respeito e nos aceitam inteiros com todos os erros e imperfeições.

Benditos sejam os que podendo ser qualquer coisa em nossa  , escolhem ser doação.

Benditos sejam esses seres iluminados que nos chegam como anjo, como flor ou passarinho, que dão asas aos nossos sonhos e tendo a liberdade de ir escolhem ficar e ser ninho.

Bendito sejam os AMIGOS...








quarta-feira, 14 de outubro de 2020

Pasmem, tive crise de carência em pleno isolamento


Ontem à noite, pasmem vocês, tive crise de carência.

Não que seja novidade na minha, na sua, na nossa vida. Posso até dizer que todos a vivenciam um pouquinho de vez em quando, ou até um montão. Mas convenhamos que fazer dela presença constante durante as 24 horas do dia já é demais, e afeta até nossos bichinhos de estimação. O que não é o meu caso fique claro. Apenas tenho momentos, geralmente quando vou ao passado.    Então docemente, mansamente, reclamei ao Senhor.

“Senhor, confesso que ando um tanto irascível, me irritando com tudo e todos com estranha facilidade. Sem falar das cobranças. Não sei por que cargas d’água cobro sempre perfeição nos outros, mesmo sabendo do quão longe estou de atingir meus próprios ideais. Disseram que é carência...”.

“É evidente, Senhor, que eu adoraria apresentar idéias claras e precisas sobre quaisquer assuntos, ter uma argumentação embasada para convencer gregos e troianos, ser poeta do amor e do sonho, ter a coragem de viver intensamente uma causa e de não aceitar a uniformidade vigente. Sim... também gostaria de ter uma companhia... É pedir demasiado?”.

Só que não fui sorteada com nada, não é? Sou tão igual aos seus mais de sete bilhões de seres (com exceção dos gênios) que me tornei uma chata. E uma carente nervosinha.


“Neste momento, Senhor, é quando vos conto da necessidade de todos nós a mais carinho e atenção, para vivermos alegremente, e sermos diferenciados. Sem as carências que me afligem. Não que sejamos todos infelizes. Longe de mim tal afirmação, mas...”.

Sei até que tem uma pesquisa por aí, bem recente, afirmando que apenas 28% da população brasileira diz não ter recebido o carinho merecido nesta vida. Estarão os outros 72% vivendo no modo feliz? Sei não...

Mas eu acredito, acredito mesmo, que carência e solidão têm muito em comum. Pergunto então, Senhor, por que não me enviou um companheirinho dedicado, amoroso, doce como favos de mel? Tanta gente ganhou um desses! Desculpa dizer, mas muitos nem mereciam esse mimo celestial, sabia?  

Pense comigo: quando jovem, linda, e inteligente, o que o Senhor me ofereceu? Bem... Me enviou um rapaz que amei de paixão, tão incrível ele “parecia” ser. Primeira grande paixão. E com quem fiquei mais ou menos uns sete anos. E depois? Descobri com imenso sofrimento seu lado sombrio: era terrivelmente mulherengo e um mentiroso de inigualável. Comi o pão que seu arquiinimigo amassou ao descobrir o tanto de filhos que trouxe ao mundo estando ao meu lado. Sei lá... Hoje até considero ser esse o destino reservado a ele. Mas não desculpo.

Bem Senhor, depois vieram mais umas quatro ou cinco tentativas “sérias”, entre muitos outros amores platônicos, porém todos, todos mesmo, sem nenhum caráter, e sem nada de especial tanto física quanto no cérebro. Para quem almejava dividir sua vidinha com um profundo conhecedor de física quântica, por exemplo, ou um expert em analisar passado, presente e futuro da humanidade, triste realidade a minha, concorda?


Devo supor, entretanto, que tal destino me foi traçado a muito, muito tempo atrás, e que novas aventuras ainda estão por vir.  Senhor, não demore porque nosso tempo é diferente. E o meu está passando bem rapidinho. Se for o caso de um novo mimo, ele nem precisa ser tão perfeitinho... Só charmoso e dengosinho.

Por fim, e sinceramente: Senhor, não mereci suas escolhas.

E pasmem vocês, amigos... Estou carente, de novo!

quinta-feira, 1 de outubro de 2020

Pai...afasta de mim esse cálice! Chico Buarque - Roda Vida

Eu nem sabia que o CD “A Arte de Cantar”, com o fantástico MPB 4, descansava num dos poucos cantos (da casa) que ainda reservo para recordações passadas.

Mais por cansaço deste infindável isolamento por Covid 19, e também pelas poucas opções da Netflix, e nenhuma da TV aberta, decido ouvir uma... duas... três músicas do tal disco a laser. Quantas memórias encontro nele!

Amigos que amava e se foram. Outros que se afastaram demais para serem reencontrados. Imersa em prazerosa saudade, vou seguindo caminhos diversos, encantada, em busca de razões para lembranças tão fortes, tão doces, tão vibrantes. Por que foram anos tão especiais? Simples, amigos. Foram anos em que a esperança enfraquecia os percalços da vida e reforçava os ideais nossos de cada dia. 

...”tem dias que a gente se sente como quem partiu ou morreu, a gente estancou de repente ou foi o mundo então que cresceu, a gente perdeu voz ativa no nosso destino mandar, mas eis que chega a roda viva e carrega esse mundo prá lá”...

Que tempos esses! Época de homens, mulheres e jovens mais informados, mais intelectualizados, mais corajosos, e mais atuantes. Um privilégio ser contemporânea de seres tão iluminados como Chico, Caetano e Gil. Bethânia e Gal. Djavan, Fagner e Gonzaguinha. Vandré. A explosão do NOVO na música não deixava dúvidas: era preciso mudar, transformar, crescer. Impossível ficar indiferente. Impossível não participar.

...”o tempo rodou num instante nas rodas do meu coração, a gente vai contra a corrente até não poder resistir, mas eis que chega a roda viva e carrega a saudade prá lá”...

Se as canções nos faziam dançar e sonhar as letras, que abusavam das metáforas, nos lembravam das muitas crises que assombravam a sociedade brasileira. Recordo de como os ideais falavam alto nesse passado, sem medo. Aliás, bem mais alto do que no presente, onde mal ouvimos alguns sussurros assustados, que se perdem no caos econômico e na lama da corrupção.  

O desejo maior era o de construir os alicerces para um futuro de igualdades, de responsabilidades, de solidariedade. E de nenhum preconceito.

...”eu já estou com um pé nessa estrada, sei que um dia a gente se vê... sei que nada será como antes... amanhã”...

Nem como antes, nem como o sonhado. No fim dos caminhos havia um precipício. Era preciso desviar. Não desviamos. Venceram e vencem os de sempre. Mas ficaram Elis, Jair Rodrigues, Tim Maia, Cazuza. Roberto, mais Erasmo e Wanderléia. E mais um universo de personalidades e de muitos festivais. Sem esquecer a doce sensualidade de Ney Matogrosso, e seu deslumbrante visual. E agora, quem vai ficar?

...”Pai, afasta de mim esse cálice... de vinho tinto de sangue... cálice”...