terça-feira, 19 de março de 2024

Lana...não dá para disfarçar a saudade, nem as lágrimas...


Num sábado que amanheceu silencioso demais, Lana Maria nos deixou. Despediu-se deste plano bem quietinha, como quem não quer interromper o dia-a-dia dos que ficam, mas carregando consigo um pedaço imenso de minha alma. Na tentativa de encontrar palavras que traduzam a dor e a saudade, me dou conta de que, talvez, elas não existam. Ou se escondem de mim, envergonhadas pela sua insuficiência.
 

Lana Maria, mais do que um belíssimo pet de estimação, chegou por aqui com dois meses e logo assumiu o posto de membro inquestionável da família. De imediato sua presença iluminou a nossa casa: era uma pequena bola de pelos que fazia arte em todos os cantos, energia pura, ela transbordava vida pelos olhos negros e arredondados, iguais a jabuticabas. Toda dengosa, personificava a felicidade em traquinagens e lambidas e era capaz de transformar qualquer momento triste em uma celebração de vida. Impossível não ceder aos seus encantos.

Rapidamente, essa bolinha de pelos assumiu seu espaço, não apenas em nosso lar, mas também em nossos corações, com presença constante em todos os eventos. Com o passar dos anos, Lana Maria cresceu sem perder seu charme inigualável, sedutor. Os dentinhos para fora, marca registrada, a deixavam encantadora. Pode-se dizer que essa “bonequinha” tinha um espírito livre, uma alma temperamental e muita personalidade: fazia apenas o que lhe agradava, como pedir por seus petiscos favoritos a todo o momento. Também detestava a hora do banho. Porém, seu coraçãozinho amolecia com um simples gesto de carinho, uma passada de mão. Verdade seja dita: ela foi sempre muito mimada. Foi sempre muito amada.

Por 20 anos, isso mesmo, 20 anos, Lana Maria foi a amizade mais pura e a companhia mais fiel que se pode desejar. Sempre perto, ao redor, era uma eterna presença de luz.

Ouso dizer que suas predileções eram simples: mamão picadinho e não muito maduro, peito de frango desfiado, batata doce crocante, ovo cozido, torradas com cheiro de manteiga. Aos domingos, a família almoçava na chácara e, claro, ela ia junto: amava correr horas pelos campos, até se cansar. Depois, dormia tranquila na sala, feliz. Nas tardes mais quentes, se estendia preguiçosamente frente ao ventilador de casa, e no inverno pedia por suas roupinhas quentes, estilosas, que desfilava com graça e elegância. Ao sentir o mínimo de calor, ela mesma as tirava. Simples assim.

Feliz e brincalhona, um dia Lana Maria começou a ter todos os sintomas do envelhecimento. Passou a definhar lentamente. Afirmo que, de fato, foram muitos os desafios enfrentados por esse serzinho tão frágil nos últimos tempos. Não merecia. Guerreira, ela enfrentou enfermidades e limitações com dignidade e coragem. Por outro lado, jamais lhe faltou amor, cuidados, e a presença constante de todos que a amavam, garantindo que sua jornada fosse o mais confortável possível até o final.

Neste triste 16 de março, sábado, Lana Maria nos deixou, alçou vôo, descansou. Sua partida, logo nas primeiras horas, nos deixou destruídos, desolados, arrasados, despedaçados. Mudos.

Hoje, ao arrumar os espaços que “meu bebê” ocupou, eu sei e sinto que ela teve uma vida plena, repleta de carinho, de alegrias, de brincadeiras, de momentos que apenas os verdadeiramente amados experimentam. Ela deixa um vazio imenso, sim, que nenhuma palavra consegue preencher.  

Apenas a lembrança de sua vida feliz me conforta.




Lia Estevão

Produtora de Fotolivros

e Albuns Impressos

por Whatsapp  9. 9165-4497



 



Nenhum comentário:

Postar um comentário