Bom dia, meus amores|
O texto e as fotos abaixo são resultante do curso de fotografia que fiz no CEMAC, São Carlos, de setembro a novembro de 2018. Grupo maravilhoso. Curso incrível. Professoras extraordinárias. Ele, o texto, também é tema de um curta metragem de 10 minutos, do qual muito me orgulho. Obrigada Ana Carolina, Iasha, Paulinha, Ana Maria, Germano e Adriana.
MACHISMO NO FUTEBOL
Em 1941, o Conselho
Nacional de Desportos proibiu jogos de futebol feminino em todo o país. A regulamentação
veio somente após 4 décadas, em 1983, graças à luta das jogadoras e a
relevância econômica internacional desse esporte. A proibição, no entanto, teve
reflexos negativos até hoje, como o pouco incentivo ao futebol feminino e a
falta de patrocinadores.
Jogos de Futebol...
Ainda uma festa de homens para homens!
Ninguém duvida de
que o futebol é o esporte mais popular do planeta, capaz de levar milhões de
pessoas aos estádios, e de movimentar
quantias inacreditáveis.
Ninguém duvida,
também, tratar-se de um esporte de total domínio masculino... E onde a mulher é
vista como “penetra” indesejável.
A cultura machista,
que impera nas sociedades modernas, faz com que a presença feminina em jogos de
futebol ainda provoque uma série de comentários humilhantes, de piadinhas de
mau gosto, grosserias, abusos e até de assédio sexual. Nas arquibancadas o
preconceito não tem limites. Os direitos não são iguais.
Mesmo assim, as
mulheres já estão derrubando partes desse enraizado muro machista que as
rodeia. Principalmente graças à coragem em denunciar todas as agressões e
violências que sofrem. Uma atitude que
leva a importantes vitórias na luta pelo respeito que merecem em todas as
atividades futebolísticas.
Aos poucos, a união dessas mulheres corajosas,
que não admitem humilhação pública por suas escolhas, está acabando com os
muitos espaços onde os homens podem fazer o que bem entendem, sem sofrer nenhum
tipo de constrangimento ou punição, como estádios, bares e redondezas. Discursos
como “mas era só uma brincadeira” não são mais aceitos. Afinal, o que
envergonha nunca será só uma brincadeira.
Esporte de homem... Aqui
mulher não entra... Se ela é bonitinha que vá posar para Playboy... Lugar de
mulher é no fogão... E se ela estiver menstruando... Mulheres falando de
tática? Isso é tão bonitinho... Frases como essas só comprovam a existência de
comportamentos machistas imperdoáveis e que visam, basicamente, minar a auto-estima
feminina, reduzir sua capacidade profissional.
Enfim, o repertório
brasileiro de frases e atitudes humilhantes com as mulheres é vastíssimo. Num
desrespeito sem limites às mulheres e suas opções.
Mesmo ainda longe
de ocuparem espaços mais representativos nesse universo exclusivamente
masculino, de não serem convidadas para a tal festa de homens, nem muito bem
vindas quando aparecem, as mulheres sabem de seu direito, talento e
competência.
O futebol continua
sendo um espetáculo impressionante, uma explosão de vida, de alegria... Porém, a
participação da mulher ainda permanece atrelada a muitos preconceitos. Ao
machismo.
O futebol feminino chegou a
ser exibido em circos, como atração exótica, curiosa. Num desrespeito sem
limites às mulheres e suas opções.
Um dos
episódios de maior repercussão internacional ocorreu durante a Copa do Mundo,
na Rússia, quando um grupo de brasileiros abordou uma moça e a faziam repetir
palavras obscenas, que ela claramente não entendia. Pior: ainda gravaram o
ocorrido e o colocaram na Internet. Como classificar esse comportamento?
Difícil entender que
lugar de mulher é onde ela quiser?
Paula Antunes tem 25 anos.
Pode-se dizer que desde o nascimento é uma apaixonada por todo tipo de
esportes. Começou na natação, foi para o vôlei e, hoje, formada em
Fisioterapia, continua presente nas competições universitárias. Mas, como
profissão, optou pela fisioterapia esportiva. É dela o comentário: “Jamais
pensei em viver do futebol. Sempre tive consciência de que, apesar da garra e
do talento de muitas, o retorno que as mulheres recebem por sua dedicação é
muito menor se comparado ao dos homens, e o preconceito muito maior”.
A presença das mulheres cresceu. Mas o machismo
não diminuiu. Nem os abusos. Principalmente nos estádios.
E os jogos de futebol continuam sendo uma
festa de homens...
Para homens.