domingo, 21 de junho de 2020

Diário de isolamento pelo novo coronavírus - 11


Implacável e fatal. A velocidade e propagação do coronavírus chega a ser assustadora. Em pouco mais de quatro meses, atingimos um marco trágico: quase 9 milhões de casos confirmados de Covid 19 pelo mundo. Nem parece, não é?


Nem parece que no Brasil estamos mergulhados nessa terrível pandemia, onde o vírus mata cerca de 1.200 pessoas por dia, e onde mais de 20 mil novos casos são registrados a cada 24 horas.

Nem parece que estamos vivenciando a maior tragédia em décadas, onde nosso país já contabilizou mais de 1.000.000 de pessoas infectadas e cerca de 50.000 mortes.

Também nem parece que vivemos num caos político e econômico sem precedentes, com previsões nada otimistas para os próximos anos, e que parte considerável da população está desempregada e com falta de dinheiro, endividada, convivendo com mentiras e violências de todos tipos. 

Tudo porque também não parece que o novo coronavírus está entre nós. Ele é invisível. A verdade é que, por enquanto, ele deita e rola entre os brasileiros.    

Pergunto: por que não parece? Por que não estamos de luto? 

As medidas de flexibilização da quarentena começam a ser adotadas. Para uns, cedo demais. Para outros, já deviam ter acontecido há tempos. Como fazer a coisa certa?

Abrem os shoppings...
Pessoas por todos os lados, longas filas nas entradas, poucos respeitando normas pré-estabelecidas, principalmente a de sair da quarentena só em urgências...metrôs lotados. Abre o comércio de rua...

É gente que não acaba mais nos centros comerciais, percorrendo calçadas, entrando em lojas sem o distanciamento necessário, carregando sacolas...ônibus lotados.

Abrem os parques públicos...
E lá estão as famílias, com seus filhos, sem suas máscaras, brincando como se tudo estivesse normal, minimizando o fato de que podem contrair o vírus, ou passá-lo aos amigos...aglomerações.

Abrem as academias, os salões de beleza...
Corrida para dar um "trato" no visual, depois de meses de isolamento social, poucos são os horários disponíves. A procura é imensa, apesar de um certo medinho de adoecer...
Enfim, quase tudo abre, com as devidas restrições. 
O clima de pandemia desapareceu. Aglomerações surgem por todos os cantos. Os telejornais mostram as imagens. Os jornalistas comentam sobre os perigos de tal comportamento. Os médicos informam, analisam. E o mundo se assusta. Já o Brasil parece que não.

Onde estão nossos líderes? Aqueles eleitos para cuidar da população?

Morte... Covid 19... 
Venham brincar de pega-pega no Brasil.

Afinal, somos eternas crianças, divertidas e bem humoradas, que amam uma boa diversão, mesmo sem o feijão na mesa. Nós sempre apostamos num futuro promissor. Que nunca chega. Isso importa?
    
E sempre, sempre acreditamos que aqui é o verdadeiro País das Maravilhas, e que cada um dos brasileiros é a verdadeira Alice.



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