Sabe aquela história de que a gente precisa "sair do casulo"? Pois é, ouvi isso por meses! E pra não ter dúvidas, meu casulo é tipo meu QG: escritório com notebook, TV e, claro, os companheiros inseparáveis: café e chocolate. Entretanto, amigos bem-intencionados viviam na minha orelha: "Lia, você precisa mexer as pernas! Ativar esses músculos! Fazer amigos fora da internet!". Eu até fingia que concordava, mas por dentro, rezava para o assunto morrer rapidinho, tipo bateria de celular viciada.
Até que, numa terça-feira à tarde – que parecia a mais inofensiva das terças-feiras – lá estava eu. Caminhando, quase sendo arrastada, ao lado da minha sobrinha-fisioterapeuta Paula, rumo a uma... Academia de Musculação. SIM. Academia. Minha primeiríssima vez. E como dizem sobre as primeiras vezes: a gente nunca esquece, né? Seja por bem ou por mal.
Assim que
pisei lá dentro, juro que tive a impressão de ter sido abduzida para um
universo paralelo. Fiquei tensa, meio tonta, totalmente fora da casinha.
Era um ambiente dominado por umas máquinas de formas bizarras que pareciam me
encarar com ar de desafio. Sério! Por alguns segundos, achei que elas iam me
atacar a qualquer momento.
Aquelas
criaturas – gigantes, com garras, meio Transformers, meio sucata de
ferro com doutorado em tortura medieval – pareciam em plena batalha contra uns
seres humanos de roupa coladinha e sem sapato. E eu, de jeans e camiseta da
luta feminista de 2012, era claramente uma infiltrada, uma alienígena total!
Paula,
calma que nem monge zen, só sorria e falava:
— Vai ser
ótimo pra você!
E chamou
alguém:
— Vou pedir um instrutor pra te orientar.
"Orientar?",
pensei. "Uai... tem líderes aqui também? São máquinas ou gente?"
Respirei fundo, me preparando pro embate. Foi aí que surgiu um rapaz gente boa, com umas tiradas legais e, pasmem, até um charmezinho! Era o Ivan. Um humano de verdade, que parecia entender direitinho que eu me sentia tipo um E.T. na recepção do INSS.
Ivanzinho, o gente boa, tentou me deixar à vontade, me explicou o que eram aquelas engenhocas todas. Aos poucos, fui relaxando. Descobri, então, que aquele lugar servia – vejam só! – pra gente fortalecer os músculos, dar um gás no condicionamento e recuperar a vitalidade que tinha ficado perdida lá nas trilhas do passado. E vamos combinar, eu já tava me cansando só de pegar o controle remoto!
Sabia que
a missão seria daquelas: eu, Lia, contra o supino, a barra fixa, a polia, o
peck deck, o cross over (que nomes são esses, Brasil?). Comecei o treino. O
primeiro exercício foi suave. Os seguintes... nem tanto! Mas com Paula, Ivan e,
agora, o Andrézinho e a Gra do meu lado, superei todos os oito aparelhos da primeira
sessão. Cambaleei aqui e ali, claro, mas com aquela dignidade de quem tenta
manter o carisma mesmo perdendo o equilíbrio.
No fim daquela sessão de boas-vindas ao submundo do músculo, eu estava viva. Com umas dores suspeitas, também. Mas viva! E, o mais surpreendente, lúcida! Saí dali grudada na Paula (Ivan e André ficaram na retaguarda, provavelmente bolando as próximas missões de resistência), jurando baixinho: "Nunca mais volto pra esse filme de ficção científica!"
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