quinta-feira, 26 de março de 2020

Diário de isolamento pelo novo Coronavírus - 1



         
Bom dia, amigos

Hoje, completo 10 dias de isolamento. Simples assim. Longe da família, da sobrinha que acabou de nascer, longe das coisas do mundo. Tô parecendo  aquele personagem de filme, que fica confinado á procura de novos hábitos para manter corpo e mente sadios, e que vai descobrindo, ao longo dos dias, solidariedade de uns, distanciamento de outros. 

A gente acorda, sem horário definido, e se dá conta do pesadelo que nos envolve e massacra: um vírus muito do sem vergonha chegou , dizem que na China, por volta de dezembro de 2019 para, além de nos tirar o ar e nos matar lenta e dolorosamente, nos mostrar o quanto a humanidade se perdeu nos muitos caminhos percorridos. Principalmente em nome do poder. Me pergunto: será que ao fim desta pandemia retornaremos ao de sempre as dificuldades deste momento, as dores e o sofrimento, nos farão trilhar caminhos menos tortuosos?  Nossos netos vão saber ou, como nós, vão perceber que outros muitos vírus vieram, ao longo dos séculos, e que continuamos inalteráveis nas batalhas por esse maldito poder. Continuamos a nos corromper.

A verdade é que o danadinho invadiu todos os países do mundo, com mais ou menos intensidade. Na Itália e na Espanha, por exemplo, uma tristeza sem fim, tantos os doentes e as mortes. Em Nova Iorque, Argentina, Ásia, África, em todos os continentes. Nada mais funciona e uma nova ordem precisa ser estabelecida. Só que não temos mais super heróis (dos filmes épicos), líderes (prontos a morrer por uma causa).

Voltando ao meu espaço: depois do choque de realidade, corro para a TV em busca de noticiários (hábito adquirido da profissão, que me fez ansiosa por informações). Passo boa parte do tempo ouvindo e refletindo sobre a situação atual, se o Brasil vai atingir o tal pico nos gráficos, se o sistema de saúde não vai desmoronar, e sobre o comportamento deste ou daquele jornalista-comentarista, tantas vezes parcial. Enquanto isso vou comendo o que tem, e preparando o almoço (odeio cozinhar).

Enquanto espero as notícias das cinco horas, vou lentamente terminando um fotolivro da Luna, a princesa da família, o que distraie e me deixa feliz. Ela é linda e veio iluminar nossas vidas. O album, modéstia à parte, está ficando primoroso. Depois mostro. Também leio, tanto obras clássicas como estorinhas românticas (para sonhar). Só não faço exercícios, ainda.

Também tenho medo. Não suportaria se algo viesse a acontecer com a família. E também não quero morrer desse forma tão dolorida (sem ar). Vira e mexe, irmã e cunhado me trazem água e não me deixam sair nem para levar a Lana (minha companheira) dar uma volta no quarteirão. Eles sabem que desestabilizo com qualquer doença. E crio uma nova. Mental e ainda mais perigosa.

Bem, tem mais "achados" neste isolamento. Amanhã continuo. Quero falar dos amigos e não amigos. Da minha expectativa e das minhas decepções. Até  lá


Abraços, se cuidem
Lia Estevão
 




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